VOLPATO, Arceloni Neusa (1990)
A Intuição Fonológica do Aprendiz do Código Escrito
A Intuição Fonológica do Aprendiz do Código Escrito.
Santa Catarina, 1990. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Letras)
Universidade Federal de Santa Catarina.
Nome do Orientador: Leonor Scliar-Cabral
Área: Linguística, Letras e Artes: Linguística e Letras
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: A autora teve como objetivo demonstrar e compreender a intuição fonológica desenvolvida pela criança na sua apropriação do sistema escrito, a partir da hipótese de que os "erros" cometidos pelos alfabetizandos em suas produções escritas são, na verdade, inferências fonológicas, que revelam um processo de re-criação do sistema de representação escrita da língua. A pesquisa foi realizada com 160 crianças entre 6 e 7 anos, que não apresentavam sinais de distúrbios de comunicação, de níveis sócio-econômicos distintos, sendo 37 de nível sócio-econômico baixo, matriculadas na primeira série de uma escola da rede municipal de ensino, situada em região periférica da cidade de Florianópolis, e 123 matriculadas nas classes de alfabetização de uma escola da rede particular, localizada no centro dessa cidade. A produção escrita das crianças foi coletada por meio de entrevistas individuais com um intervalo de tempo variando de 20 a 30 dias, nas quais se propiciava às crianças a oportunidade de produzirem a escrita de forma espontânea. O corpus foi constituído de 375 manifestações escritas, nas quais foram levantados os "erros", grupados por classes segundo os princípios fonológico-grafêmicos que os motivavam. A análise evidenciou nas crianças um processo elaborado de reflexão e construção de hipóteses acerca da língua escrita: inicialmente utilizando recursos ideográficos, a criança passa a uma "fase holística" em que, percebendo o todo, utiliza-se preponderantemente de vogais para as suas representações, passando a seguir para uma fase em que recicla o seu conhecimento em favor do sistema existente, estabelecendo, num primeiro momento, regras sensíveis ao contexto fônico, e, num segundo momento, regras de ultracorreção ou ultrageneralização. A autora conclui que a criança gerencia o seu conhecimento, e é capaz de estabelecer seus próprios critérios de gradação ao acesso do sistema de representação da escrita.