LOCATELLI, Iza (1991)
Em Busca das Palavras Essenciais : a Alfabetização Como Processo Dialógico
Em Busca das Palavras Essenciais : a Alfabetização Como Processo Dialógico.
Rio de Janeiro, 1991. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Nome do Orientador: Regina Alcântara de Assis
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Pesquisa: Estudo de Caso
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo principal compreender o papel exercido pela linguagem na construção do processo de alfabetização, partindo-se do pressuposto de que a (s) forma (s) de relação estabelecida (s) na trocas dialógicas configuram-se como instrumento indispensável ao processo de construção do conhecimento da leitura da palavrae da leitura do mundo. Neste sentido, a autora promove uma vasta reflexão sobre os diferentes tipos de interação observados no cotidiano escolar, discutindo de que maneira os professores legitimam ou não as vozes de seus alunos; o modo como os percebem e como compreendem o processo de alfabetização. Ao mesmo tempo, buscou-se focalizar a postura dos alunos como participantes das interações, em meio ao processo de aquisição da leitura e da escrita. Tendo por base os objetivos citados, realizou-se um estudo de caso em uma escola pública estadual, situada na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, no período de julho a dezembro de 1989. Fizeram parte da amostra três turmas em diferentes níveis do processo de alfabetização: duas turmas de pré-escola, 2º e 3º períodos, e uma turma de 1ª série. Durante as observações foram anotados os diálogos travados entre professores e alunos e destes entre si em diferentes situações: aulas com o professor regente, aulas de música, educação física, teatro, biblioteca, jogos básicos, recreio e merenda. Anotaram-se também os eventos geradores dos referidos diálogos e, quando se tratava de transmissão de conteúdos, procurou-se especificar o assunto e a metodologia empregada. As anotações foram realizadas em um diário de campo, contendo o máximo de informações possíveis. Além das observações diretas, recorreu-se à entrevistas semi-estruturadas com os três professores regentes, orientadores educacionais, com um psicólogo e com os alunos, totalizando 10 entrevistas; e à análises documentais que abrangeram, sobretudo, a observação de fichas de matrículas, de cadernos e trabalhos dos alunos, com o intuito de documentar a trajetória percorrida pelas crianças durante o processo de alfabetização. No decorrer da pesquisa, averiguou-se que diferentes concepções de linguagem e de alfabetização permeavam a prática pedagógica dos professores, dentre os quais a autora pontua as perspectivas Associacionista e construtivista. Notou-se que quanto mais eram facilitadas as interações entre professores e alunos, transformando o movimento de construção da língua escrita em um processo coletivo, dando abertura aos momentos de discussão, de interlocução e troca de experiências, mais os alunos demonstraram autonomia e confiança de suas idéias e argumentos, além de maior fluência no uso da própria língua escrita. Dessa forma, a autora chama a atenção para a função mediadora da linguagem, alegando que, quando as crianças têm a oportunidade de interagir ativamente com o objeto de conhecimento, de cooperar com seus colegas e de serem ouvidas em suas manifestações, elas mesmas se auto-avaliam, construindo e (re) construindo progressivamente novos conhecimentos.
