SAMPAIO, Carmen Diolinda da Silva Sanchez (1994)
Leitores e Escritores a Partir da Pré-Escola. Por Que Não?
Leitores e Escritores a Partir da Pré-Escola. Por Que Não?.
Rio de Janeiro, 1994. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal Fluminense.
Nome do Orientador: Regina Leite Garcia
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Concepção de Alfabetização
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Pesquisa: Estudo de Caso
Resumo: Esta dissertação discute a possibilidade da formação de leitores e escritores a partir da Pré-escola. Tal pesquisa é caracterizada por uma pesquisa de campo, realizada numa escola pertencente à rede estadual do ensino %u2013 Instituto de Educação do Rio de Janeiro (IERJ). A discussão teórica do trabalho realizado no IERJ tem possibilitado às professoras repensar e questionar a sua própria ação pedagógica, permitindo que, coletivamente se apropriem de novos conhecimentos. A preparação para a escola é tida como finalidade primeira da pré-escola. Nesta concepção, o trabalho realizado tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades perceptivo-motoras, necessárias ao momento da alfabetização. De acordo com esta concepção, a professora, ainda que não se dê conta, trabalha a partir do pressuposto de que a criança primeiro se desenvolve para depois aprender. Na pré- escola a criança se desenvolve. Na escola a criança estuda. A relação hierárquica que se estabelece entre prof./aluno, garante o movimento de apassivamento da criança. O trabalho realizado pelas professoras nesta escola, não é realizado por elas, e sim, por quem pensa por elas. Contudo é preciso resgatar a professora AUTORA de sua prática. A prioridade dos exercícios mecânicos e repetitivos e atividades descontextualizada, a ênfase à memorização de palavras chaves e sílabas dominadas, tem dificultado que as crianças se apropriem criticamente da escrita. O que acontece na pré escola não pode ser apenas uma simples ocupação de tempo e espaço- tem de ser o uso, com sentido, das linguagens postas em sociedade e, são nas situações de confronto das diferenças é que as crianças vão construindo seus conhecimentos sobre a linguagem escrita. Após algumas discussões e tentativas de melhorar o ensino, começou-se a constatar que as crianças não constróem conhecimentos sozinhas, e que o papel dos outros é de suma importância. Ao ingressar na escola a criança já domina a fala, e fazê-la consciente desta competência é fundamental para o seu processo de apropriação da língua escrita. Outro progresso alcançado por este grupo de professoras ,está na conscientização de que cada criança é única, e que se existe alguma criança que AINDA não lê ou escreve, não implica que ela nunca o fará. A criança, com o decorrer do tempo, vai aprendendo que o que ela diz aqui e agora pode ser ouvido em outros lugares, em outros momentos, porque a linguagem escrita alcança um espaço e um tempo muito mais amplos do que sua própria voz. Formam-se assim, "LEITORES e ESCRITORES a partir da pré-escola. Por que não?". Depois de tantos avanços, a avaliação também começava a ter outra roupagem, mais coerente, mais real, mais construtiva. Considerar a pré-escola como um espaço de construção de conhecimentos, e não de preparação para, tem possibilitado às crianças e professores, construírem e se apropriarem de novos conhecimentos. A continuidade do que as crianças viviam na pré-escola precisava ser garantida no 1o segmento e, pela primeira vez, isto acontecia no IERJ. Conclui-se que, ao se investir na construção coletiva de um projeto político-pedagógico, que não se restrinja às turmas da pré-escola, C. A e 1a série, é o caminho a ser percorrido, para que as crianças da escola possam chegar ao final da classe de alfabetização, utilizando a palavra escrita para dizer o que pensam. O processo precisa se desdobrar nas demais séries, para que a expressão escrita vá se apropriando de uma competência legítima.
