CARDOSO, Cancionila Janzkovski (1995)
Da Oralidade a Escrita: a Produção do Texto Narrativo no Contexto Escolar
Minas Gerais, 1995. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal de Minas Gerais.
Da Oralidade a Escrita: a Produção do Texto Narrativo no Contexto Escolar.
Nome do Orientador: Magda Becker Soares
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: O objetivo deste estudo, é abordar aspectos da transcrição da oralidade para a escrita, a partir de textos narrativos, elaborados por crianças em fase de alfabetização, da Escola Santo Antônio (Rondonópolis/MT). A metodologia utilizada foi: filmagens, transcrição e análise de textos orais e escritos, em confronto com os correspondentes textos orais. A amostragem da pesquisa é constituída por 22 alunos. No desenvolvimento da linguagem oral, os interlocutores assumem um papel fundamental, uma vez que esta linguagem é incorporada pelos sujeitos através dos processos de interação. É na relação da criança com o objeto escrito e com o outro, que a representação escrita vai sendo incorporada. O papel dos outros, para os quais o enunciado se elabora, é muito importante uma vez que estes se constituem como participantes ativos na comunicação verbal. Na análise das produções coletadas, se revela a primeira grande diferença: a narrativa escrita é monológica e a narrativa oral é, fundamentalmente, dialógica. A análise dos 45 textos orais evidenciou a criação das seguintes categorias: ajuda, correção, apropriação, avaliação, retomada, aprovação/incentivo, organização e explicação. A partir dessas categorias, a autora estabelece um paralelo entre todas as produções, expostas em forma de quadro. Se por um lado, a criança adquire a linguagem oral de forma natural, o mesmo não se tem dito sobre a linguagem escrita. A aprendizagem desta, tem sido vinculada diretamente à escolarização da criança, predominando a linguagem sistemática. Portanto, a aprendizagem da escrita se faz relacionado-se com a fala. Essa relação envolve os níveis cognitivo, lingüístico, sócio-linguístico e pragmático-discursivo. Os usos da "pontuação" também é um aspecto ressaltado pela autora, no que concerne a criação destas narrativas. Em decorrência da forma como ambas as linguagens se organizam, o processo de compreensão de uma, difere-se do processo de compreensão da outra. No entanto, é necessário salientar que não apenas a oralidade pode influir na escrita, mas que a escrita pode influir na oralidade. Cabe ainda ressaltar que a oralidade e a escrita são práticas que possuem uma dimensão histórica e sociocultural. Quando a criança chega à compreensão da escrita alfabética, não significa que já venceu todas as dificuldades referentes ao processo de aprendizagem da escrita. A partir daí, o trabalho será em direção à construção de textos significativos, com características diversas, determinadas por exigências específicas dos mais variados textos. Conclui-se que a análise de textos escritos em confronto com os textos orais, indicou que as crianças em fase de transição da oralidade para escrita, utilizam-se da fala enquanto representação simbólica primária, como base para o sistema da escrita. Neste sentido, a escrita inicial da criança é marcada pela utilização concomitantemente de estratégias mais vinculadas à oralidade e de estratégias mais comuns à escrita .