GONTIJO, Cláudia Maria Mendes (1996)

GONTIJO, Cláudia Maria Mendes. A Apropriação da Linguagem Escrita. Espírito Santo, 1996. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação) Universidade Federal do Espírito Santo.

Nome do Orientador: Janete Magalhães Carvalho

Área: Ciências Humanas: Educação

Assunto: Em Análise

Referencial Teórico: Em Análise

Natureza do Texto: Pesquisa: Estudo de Caso

Resumo: Esta pesquisa teve por objetivo investigar o processo de apropriação da leitura e da escrita pelas 34 crianças (sujeitos da pesquisa) que estavam iniciando a alfabetização em uma escola da Rede Municipal de Ensino de Vitória/ES. Utilizou-se na metodologia, entrevistas e situações experimentais em sala de aula. Desde de 1991, foi implantado na Rede Municipal de Ensino em Vitória, o Projeto Bloco Único, visando diminuir a seriação nos anos iniciais de escolarização. No entanto, as crianças continuam sendo retidas nas classes iniciantes do Bloco Único. A análise dos sentidos que a aprendizagem da leitura e da escrita tem para as crianças comprovará que esse conceito se forma na consciência individual, a partir de relações sociais historicamente construídas. Contudo, ao aprofundar sua análise quanto a por que consideravam importante aprender, os sujeitos enunciaram respostas que denotaram que os sentidos atribuídos estão associados a significações de caráter ideológico. Assim foram organizadas 4 categorias, considerando que a aprendizagem da leitura e da escrita era importante para: 1) como meio que possibilitará a realização das atividades escolares; 2) com a finalidade de se tornarem trabalhadores; 3) com a finalidade de mobilidade social; 4) como meio que possibilitará a solução de problemas práticos. A autora baseia seu referencial teórico à luz dos argumentos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, estabelecendo, primeiramente, uma relação entre letra e imagem, para em seguida apresentar os resultados deste estudo e compará-lo com as principais descobertas dessas autoras. Assim, nossos sujeitos consideravam, em cada um dos momentos desta pesquisa, que os desenhos serviam para: serem lidos; ver e olhar; indicar o que está escrito; realizar tarefas indicadas pela professora; conferir a escrita; não responderam. Desse modo, o desenho se torna no início da aprendizagem da leitura um instrumento dessa atividade, pois orienta e dirige a atividade externamente. No processo de desenvolvimento da escrita na criança, o desenho tem um papel fundamental, pois serve de instrumento para a atividade de leitura. O desenho pode ser usado como artifício mnemônico. Assim as práticas de alfabetização reforçam a relação desenho/escrita. A atividade de leitura que as crianças efetuam através dos desenhos são de caráter espontâneo. Em um segundo momento, foi possível organizar as respostas das crianças em categorias de análise de acordo com as concepções que estas possuem em relação à legibilidade de um escrito. São elas: servem para serem lidas; não servem para serem lidas; servem para serem lidas e para aprender a ler; tiveram dúvidas e não responderam. Mesmo que o reconhecimento das formas das letras seja necessário ao processo de apropriação, pois retrata a forma objetiva que a escrita assumiu ao longo de sua construção, esse aprendizado não pode estar desvinculado da atividade de ler e escrever. Os princípios de legibilidade utilizados pelos sujeitos envolvidos neste estudo, tem origem e são formados através das relações que as crianças estabelecem com a escrita, mediatizadas pelas relações com os "outros" que organizam e orientam o processo de alfabetização. No terceiro momento, objetivou-se analisar como os sujeitos grafaram os textos nos dois momentos anteriores, e identificar os mecanismos utilizados pelas crianças para grafá-los. Concluí-se que a alfabetização é um processo histórico e social de inserção da criança no mundo da linguagem escrita. Assim, é o processo pelo qual as crianças tomam para si o resultado do desenvolvimento histórico social, de modo a desenvolver as possibilidades máximas da humanidade, qual seja da universalidade e liberdade do homem.