CADER, Fátima Ali Abdalah Abdel (1997)
Leitura e Escrita na Sala de Aula Uma Pesquisa de Intervenção Com Crianças Surdas
Leitura e Escrita na Sala de Aula Uma Pesquisa de Intervenção Com Crianças Surdas.
Distrito Federal, 1997. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade de Brasília.
Nome do Orientador: Maria Helena Favero
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Alfabetização
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Este trabalho descreve e analisa estapas de um procedimento de ensino desenvolvido em uma escola pública do Estado de Goiás com crianças surdas na faixa etária de 4 a 12 anos de ambos os sexos. O procedimento de ensino foi desenvolvido como uma alternativa metodológica para o ensino da linguagem escrita junto a crianças surdas. O objetivo foi maximizar as possibilidades de aprendizagem da linguagem escrita, através do desenvolvimento de atividades que facilitassem modos de interação diversos dos sujeitos com os mediadores da linguagem escrita. Este trabalho foi estruturado em três etapas. Na primeira procedeu-se à avaliação inicial, que constou de provas selecionadas, não padronizadas, abrangendo as áreas: modalidade de linguagem usadas na comunicação, coordenação motora ampla, esquemas corporal, leitura, escrita e conceitos básicos relacionados às noções de raciocínio lógico-matemático. Na segunda procedeu-se ao desenvolvimento da intervenção de natureza psicopédagógica, durante um período de 4 meses. Na terceira procedeu-se a avaliação do desempenho alcançado pelas crianças-sujeitos após a intervenção, utilizando-se as mesmas provas da primeira etapa. os resultados obtidos indicam um progresso relevante para todos os sujeitos - com história escolar ou não - entre a fase 1 e a fase 3 da interveção. Os dados evidenciam ainda, que a intervenção permitiu as crianças com maior tempo de história escolar (8 anos), superarem a resistência, o desinteresse e o medo dalinguagem escrita. Dito em outras palavras, permitiu-lhes o resgate de seu processo de aprendizagem. Campatível com a literatura especializada os dados comprovaram que as crianças surdas e ouvintes surdas, o ato de repetir, de falar errado, de pronunciar palavras faltando letras, de falar ou gesticular, ou ainda sinalizar sozinho, marca o caminho do desenvolvimento da comunicação. Da mesma forma, evidenciou-se a influência do estado emocional das crianças no seu processo de escolarização, bem como indica que a criança com problemas de comunicação apresenta um esquema corporal pobre. Finalmente, os resultados apontam para três aspectos particularmente relevantes para a questão da escolarização dos surdos. A primeira diz respeito a importância da linguagem de sinais enquanto reguladora do próprio comportamento, bem como a importância do uso por parte do professor da Língua Brasileira de Sinais no exercício cotidiano de sua prática pedagógica. A segunda, refere-se a importância para os sujeitos surdos, de interagir cm o conteúdo de estórias como modo de apropriação dos significados culturais. A terceira, a importância da interdisciplinaridade como base da prática psicopedagógica cotidiana em sala de aula.