COSTA, Sérgio Roberto (1997)
A Construção do Letramento Escolar: Um Processo de Apropriação de Gêneros
São Paulo, 1997. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Letras e Linguística)
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
A Construção do Letramento Escolar: Um Processo de Apropriação de Gêneros.
Nome do Orientador: Roxane Helena Rodrigues Rojo
Área: Linguística, Letras e Artes: Linguística e Letras
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Nossa pesquisa aborda a constituição do sujeito e da linguagem no letramento escolar como um processo de complexificação de gêneros discursivos, procurando interpretar, no processo interativo e intersubjetivo de certas práticas discursivas escolares, o letramento como construção da linguagem, em que, sobretudo, os gêneros primários atuam como mediadores de novas construções discursivas, mais estáveis e complexas; e os gêneros secundários, teoricamente, interpretamos os gêneros discursivos como instrumentos semióticos complexos, mediadores e transformadores da atividade enunciativo-discursiva, segundo abordagem sócio-histórica de Vygotsky e sócio-ideológica de Bakhtin (teoria da enunciação). Metodologicamente, seguimos a vertente "interpretativista qualitativa" de análise, selecionamos alguns eventos de letramento dos dados coletados na interação verbal/social entre os participantes de diversas práticas discursivas ocorridas em sala de aula. São, então, nossos níveis e unidades de análise a interação social e verbal e os objetos em construção: os discursos narrativo, descritivo, expositivo/argumentativo e alguns tipos de gêneros (poesia, histórias/lendas, notícias). Para essa coleta, privilegiamos o pré e a 1ª e 2ª séries do ensino básico, por ser um momento em que o código alfabético começa a ser trabalhado mais formal e sistematicamente na escola, uma instituição de nova dimensão cultural. Análise dos "monólogos" produzidos leva-nos a sugerir que o letramento no contexto escolar se dá pela apropriação de instrumentos técnicos e sistema de escrita, pela transformação dos gêneros primários em secundários e, sobretudo, pela apropriação de gêneros secundários, como movimento enunciativo intersubjetivo e interdiscursivo, nas práticas pedagógicas de fala, leitura e escrita/escritura. Concluindo, então, que o gênero e a situação de produção levam à elaboração de enunciados – orais ou escritos – diversificados e cada vez mais complexos e estáveis, os gêneros secundários, no contexto de letramento escolar, apontamos, como principal implicação pedagógica em nível de 1º e 2º grau, a importância e a necessidade do uso didático dos "gêneros" pelos professores, como mediadores semióticos/psicológicos de construção e constituição da linguagem e do sujeito. Esta aplicação prática provocaria mudanças no processo validativo e seletivo da avaliação escolar tradicional, pois a "correção" seria interpretada do ponto de vista enunciativo e não linguístico ou comunicacional. Outras análises do discurso escolar poderiam ampliar nossas conclusões e sugestões.