MACEDO, Maria do Socorro Alencar Nunes (1998)
A Dinâmica Discursiva na Sala de Aula e a Apropriação da Escrita
A Dinâmica Discursiva na Sala de Aula e a Apropriação da Escrita.
Minas Gerais, 1998. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal de Minas Gerais.
Nome do Orientador: Maria das Graças de Castro Sena
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: É objetivo de análise deste estudo a dinâmica discursiva na sala de aula no contexto do processo de apropriação da ortografia pela criança. Os dados foram coletados através de filmagens da sala de aula, de observações e de entrevistas com a professora. A turma pesquisada é composta de 31 alunos com idades compreendidas entre 9 e 11 anos, cursando o 1o ano do 2o ciclo de formação, de acordo com a organização proposta pelo Programa da Escola Plural, pois é esta a proposta pedagógica que orienta a Rede de Municipal de Ensino de Belo Horizonte desde 1994. A autora embasa seu referencial teórico na Teoria da Enunciação de Bakhtin, discutindo os conceitos de dialogia, polifonia, enunciação/enunciado e gênero do discurso. Os dados coletados pela pesquisa, evidenciam que a maior parte da turma ainda não intrenalizou a forma como deve proceder e atuar para que o processo e o produto do trabalho em grupo seja uma elaboração de natureza coletiva, em que a participação de cada um é importante. Embora a professora tenha se esforçado durante a aula em oferecer as devidas instruções para que o trabalho ocorresse de forma coletiva, muitos alunos realizaram as atividades sozinhos ou em duplas, como estão habituados no dia-a-dia. A relação da professora e dos alunos com o tempo institucional é outro elemento importante que condiciona os processos de ensino nesta turma. Com relação à avaliação da aprendizagem dos alunos, essa parece ser feita numa perspectiva qualitativa, em que a professora estabelece, ao final de cada bimestre, uma comparação do aluno com ele mesmo e não apenas uma comparação dele com o restante da turma. Quanto ao envolvimento dos alunos, percebe-se uma participação oralmente e mesmo aqueles que ficam em silêncio, parecem estar atentos ao objeto de discussão. O trabalho de sistematização da ortografia desenvolveu-se tendo como base o texto dos alunos. Entretanto, percebeu-se que essa estratégia não contempla de forma significativa, os diferentes usos e funções da língua escrita na sociedade, na medida em que a professora não recorre à diversidade textual. Foram escolhidos para análise neste estudo, dois episódios que privilegiam situações discursivas entre a professora e os alunos e entre os alunos, que evidenciam a ocorrência da aprendizagem da ortografia por estes. Nesse sentido, aponta-se a importância da escola repensar o lugar que o professor tem ocupado no processo de ensino-aprendizagem e a concepção de língua com a qual tem trabalhado, geralmente considerada como um código abstrato desvinculado de suas funções sociais, em que os exercícios estruturais são utilizados como estratégia metodológica predominante.
