GONTIJO, Cláudia Maria Mendes (2001)
O Processo de Apropriação da Linguagem Escrita em Crianças na Fase Inicial de Alfabetização
São Paulo, 2001. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Educação)
Universidade Estadual de Campinas.
O Processo de Apropriação da Linguagem Escrita em Crianças na Fase Inicial de Alfabetização.
Nome do Orientador: Sergio Antonio da Silva Leite
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Este trabalho teve por finalidade investigar os processos que se constituem nascrianças, na fase inicial de alfabetização, ao serem incentivadas a estabelecer uma relaçãofuncional com a escrita, ou seja, quando incentivadas a usar a escrita com função mnemônica.Dessa forma, partimos da concepção de que a linguagem escrita, usada na nossa sociedade, éum sistema de signos que serve de apoio às funções intelectuais, especificamente à memória.Para a realização da pesquisa, partimos da observação do trabalho realizado na sala de aula,pela professora e crianças de uma classe da primeira série do Ensino Fundamental. Após asobservações, planejamos, juntamente com a professora da classe envolvida no estudo, cincoatividades de produção oral de textos e seus registros pelas trinta e nove crianças, sujeitos dotrabalho, para observarmos como se relacionavam com a escrita. Assim, não organizamos,previamente, frases e palavras a serem escritas pelas crianças com o objetivo de intervir nomodo como escreviam, mas criamos situações em que elas eram incentivadas a estabeleceruma relação funcional com a escrita. Com base nas atividades desenvolvidas pelas criançasdurante o ano letivo, concluímos que, no início, a “criança assimila a experiência escolar deforma puramente externa, sem entender ainda o sentido e o mecanismo do uso de marcassimbólicas” que constituem o uso funcional das letras do alfabeto para recordar, transmitiridéias ou conceitos. Por isso, a criança opera por meios naturais: imita os atos dos adultos aoescreverem e apenas rememora o texto sem o auxílio da escrita. Logo depois, aprende ascaracterísticas externas da escrita e a tentativa de reprodução dessas característicasproporciona uma mudança na atividade gráfica. Então, a escrita deixa de ser aleatória, casual eindistinta para ser organizada a partir de critérios: ao escrever, é necessário colocar espaçosem branco entre os segmentos de letras, é necessário variar as letras em cada cadeia e, em umdeterminado momento, a criança grafa os enunciados do texto com uma quantidade mínima deletras. Desse modo, ela reproduz a forma externa da escrita, mas ainda não compreende queela é um meio para recordar os significados anotados; por isso rememora o texto sem o auxílioda escrita. No momento em que a criança passa a organizar as grafias a partir da análise dasunidades da linguagem oral, a quantidade de letras registradas e a escolha das letras a seremescritas passam a ser reguladas pelas relações que estabelece entre o oral e o escrito. Ossímbolos alfabéticos passam a ser empregados consciente e voluntariamente para representar as unidades da linguagem oral, o que não possibilita que a criança estabeleça uma relaçãofuncional com a escrita. A presença de determinados fatores no conteúdo dos textos que foramproduzidos oralmente pelas crianças propiciou o surgimento de símbolos indiferenciados que,por sua vez, possibilitaram o uso da escrita como recurso para lembrar os enunciados do textoque motivou o registro. Finalmente, observamos que a aprendizagem do caráter alfabético daescrita não proporciona um aprimoramento brusco no modo como as crianças se relacionamcom a escrita para lembrar o texto; para tal, é necessário que aprendam os padrões ortográficosque regem a escrita alfabética.