FRANCO, Marco Antonio Melo (2002)
Práticas discursivas e construção da participação e da fala em uma turma de alfabetização
Práticas discursivas e construção da participação e da fala em uma turma de alfabetização.
Minas Gerais, 2002. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal de Minas Gerais.
Nome do Orientador: Maria Lúcia Castanheira
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Alfabetização
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Partindo do pressuposto que no processo de alfabetização há um privilegio da aprendizagem do código escrito em detrimento da fala, sendo esta, muitas vezes, utilizada como instrumento de apoio a essa aprendizagem, esta pesquisa tem por objetivo descrever e analisar como foi sendo construído o espaço de participação e de fala dos alunos numa sala de alfabetização. Nesse caso, as reflexões teóricas do trabalho acerca da alfabetização, apresentam discussões sobre os processos de ensino- aprendizagem da escrita, da leitura e, particularmente, do lugar dado à fala e à participação, nesse contexto. Considera os aspectos referentes à interação e as práticas discursivas em sala de aula, fundamentais para a compreensão de como os participantes se posicionam, se envolvem e significam a sua realidade (Moita Lopes,1998). Para tanto, a análise seguiu a abordagem interpretativista. A escolha dessa metodologia pode ser justificada pelo fato de trabalharmos com a interação em sala de aula e, por esse paradigma, permitir interpretar as relações estabelecidas entre professora e alunos a partir de práticas discursivas desenvolvidas nesse contexto que oportunizam a construção do espaço de participação e de fala dos alunos. Nesse sentido, analisamos as interações discursivas, em aulas de alfabetização, observando em que medida as ações da professora buscaram possibilitar a construção desse espaço. A análise revelou, num primeiro momento, que desde o momento inicial das aulas (primeiros diais) a professora procurou promover o espaço de participação e de fala dos alunos, levantando e problematizando questões, dando repercussão à fala dos alunos e valorizando suas vivências. Em um segundo momento, foi possível constatar que as ações da docente indicaram os limites e regras na construção da participação e da fala em sala de aula. Ela buscou construir e garantir o espaço de participação, fazendo com que os alunos se posicionassem frente às diferentes situações que emergiram em sala de aula. Num terceiro momento, por meio da observação de atividades de leitura, constatamos que a dinâmica estabelecida durante a realização dessas atividades, no que se refere à participação e à fala, não se difere de outros tantos momentos em sala de aula. Elas se configuram em situações de debates, discussões, falas, argumentações que objetivaram construir o espaço participativo. Por fim, a última etapa da análise revela que, mesmo com dificuldades em conduzir o processo democrático e participativo, a professora persistiu no propósito de fazê-lo. Por meio da elaboração conjunta de um projeto, buscou fazer com que os alunos co-participassem na reelaboração do conceito de participação. O estudo revelou portanto, que as ações da docente indicam a preocupação em construir um espaço alfabetizador em que os alunos possam participar, falar e se posicionar, face às diversas situações que emergem no contexto da sala de aula. O conjunto desses elementos é utilizado, pela professora, como constitutivo do processo de alfabetização. Através de suas ações e de práticas discursivas a docente procurou conduzir os alunos à construção do conceito de participação e à compreensão das possibilidades dessa participação em sala de aula.
