MACEDO, Maria do Socorro Alencar Nunes (2004)
Interações e Práticas de Letramento em Sala de Aula: o Uso do Livro Didático e da Metodologia de Projetos
Minas Gerais, 2004. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal de Minas Gerais.
Interações e Práticas de Letramento em Sala de Aula: o Uso do Livro Didático e da Metodologia de Projetos.
Nome do Orientador: Eduardo Fleury Mortimer
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Esse trabalho foi possibilitado pelas diferentes instâncias de interlocução e de formação que vivenciei nesse período. Um dos espaços mais significativos foi a participação em uma pesquisa sobre alfabetização de crianças das camadas populares, desenvolvida por pesquisadores da FAE/UFMG, em 1992. Com o caráter de pesquisa participante, pudemos discutir juntos, pesquisadores e professores da minha escola, por um período de um ano, as características da nossa atuação pedagógica na sala de aula, buscando dialogar com referenciais teóricos inovadores sobre alfabetização e sobre os processos de ensino-aprendizagem. Tais referenciais apontavam para uma ruptura da concepção de alfabetização como a transmissão de um código escrito desvinculado de seus usos e funções sociais. O processo de apropriação da escrita pelo aluno começava a ser interpretado à luz das teorias sobre a psicogênese da língua escrita, elaboradas por Ferreiro e Teberosky (1985). A interação com o outro começava a ser vista como em elemento constitutivo no processo de aprendizagem. Dessa forma, tentávamos estruturar o planejamento pedagógico contemplando estratégias metodológicas diversificadas, em que o trabalho em pequenos grupos e em duplas era central. A experiência com formação de professores coincide com a implantação do Projeto Político Pedagógico Escola Plural em 1995, que se estrutura a partir do diálogo com experiências diversificadas da rede, consideradas avançadas em muitos aspectos da prática escolar. No mapeamento realizado pela SMED (Secretaria Municipal de Educação), constata-se que muitas dessas práticas eram desenvolvidas por professores alfabetizadores. Ao longo do trabalho que tenho desenvolvido no CAPE (Centro de Capacitação dos Profissionais de Ensino de Belo Horizonte), percebo alterações significativas na prática pedagógica de alfabetização em boa parte das escolas da Rede Municipal de Ensino. Muitos professores demonstram ter incorporado determinados avanços ocorridos no campo das pesquisas sobre alfabetização e letramento e no campo das pesquisas sobre aprendizagem e desenvolvimento humano. Muitos desses professores já compreendem a alfabetização para além de seus aspectos mecânicos, ou seja, dos aspectos relacionados à codificação e decodificação do sistema de escrita. A ênfase recai no texto como uma referência para o trabalho com a língua, considerando-se seus múltiplos usos e funções sociais. A interação entre os alunos passa a ocupar um lugar importante na atividade pedagógica, concretizada no trabalho com pequenos grupos e duplas de alunos na sala de aula.