TINÓS, Sandra Helena (2005)
A Produção Gráfica e a Escrita de Crianças no Processo de Alfabetização: as Dificuldades em Questão
A Produção Gráfica e a Escrita de Crianças no Processo de Alfabetização: as Dificuldades em Questão.
São Paulo, 2005. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho.
Nome do Orientador: Ana Maria Pellegrini
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: A aprendizagem da escrita não está unicamente relacionada aos aspectos cognitivos suscitados para a sua execução, mas também a outros aspectos envolvidos nesse processo como os lingüísticos, os perceptuais e os motores. Produzir uma escrita legível leva tempo e é necessário empenho por parte da criança. Nos primeiros anos de escolarização, especificamente durante o processo de alfabetização, espera-se que as crianças desenvolvam competências básicas da escrita. A dificuldade no domínio motor da escrita pode interferir nos processos cognitivos requeridos para a composição do texto, determinando assim a qualidade e a quantidade do produto escrito. Focando as dificuldades motoras com as quais muitas crianças se deparam, este estudo teve como objetivo investigar a produção gráfica e a escrita no processo de alfabetização em crianças indicadas pelas professoras de sala de aula como apresentando dificuldades motoras para a escrita, e ainda verificar se a prática orientada de atividades envolvendo ritmo, atenção e verbalização, contribui para a melhoria da produção gráfica e dos padrões gráficos de escrita. Participaram do estudo 43 meninos e meninas com idades entre seis e nove anos que freqüentavam o 1º e o 2º ano do Ensino Fundamental em uma escola da rede pública de ensino de um município do interior paulista. Além das crianças selecionadas pelas professoras como apresentando dificuldade na produção gráfica e na escrita, foi selecionado um igual número de crianças que não apresentavam tais dificuldades para a organização dos grupos experimentais e controle. Para a descrição do perfil dos participantes selecionados pelas professoras, foi aplicado um questionário sobre o comportamento e as habilidade de escrita, leitura e cálculo e um roteiro de observação e análise do material escrito das crianças. Todos os participantes ainda foram avaliados quanto ao desenvolvimento motor. O desenho experimental consistiu de avaliações do desempenho na produção gráfica (traçados) e na escrita (nome e palavras monossílabas, dissílabas e trissílabas) antes e depois do desenvolvimento de um programa de intervenção para os grupos experimentais. Para essa avaliação, foram utilizados um tablete (mesa digitalizadora) e um aplicativo desenvolvido especialmente para o estudo. Quanto ao desenvolvimento motor foi constatado que a maioria dos participantes apresentaram nível de desenvolvimento dentro do esperado para a idade, sendo observada defasagem quanto à organização espacial, à organização temporal e ao esquema corporal. No que se refere ao perfil dos participantes quanto aos aspectos relacionados ao comportamento e à habilidade de escrita, observa-se que os participantes do 2º ano, que foram selecionados pelas professoras, apresentaram maior percentual de características que indicam algum tipo de comprometimento ou dificuldade nos diferentes aspectos observados. Quanto à produção gráfica e à escrita, não foi encontrada relação entre as dificuldades apontadas pelas professoras e o nível de desenvolvimento motor dos participantes visto que os mesmos estavam dentro da normalidade quanto ao desenvolvimento motor. Quanto ao nível de escolarização, melhores resultados quanto à produção gráfica e à escrita foram apresentados pelos participantes mais velhos, do 2º ano de escolarização. No que se refere aos efeitos do programa de intervenção, podemos afirmar que todos os participantes, de forma geral, melhoraram do pré para o pós-teste quanto à produção gráfica de traçados e aos padrões gráficos de escrita.