SCALZITTI, Carla Melissa Klock (2012)
Linguagem e infância: relações com o letramento
Mato Grosso, 2012. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal de Mato Grosso.
Linguagem e infância: relações com o letramento.
Nome do Orientador: Cancionila Janzkovski Cardoso
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Letramento
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Esta dissertação foi desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, campus de Rondonópolis, no interior do Grupo de Pesquisa de Alfabetização e Letramento Escolar – ALFALE. O objetivo geral foi o de analisar os ―eventos de letramento‖ (HEAT, 1982) e as ―práticas de letramento‖ (STREET, 1982) presentes nas atividades desenvolvidas em uma turma da Educação Infantil, de crianças de 5 anos. O estudo leva em consideração o fato de que ensino fundamental de nove anos, aprovado em 6 de fevereiro de 2006, pela Lei n. 11.274, trouxe para o debate o tema alfabetização/letramento de crianças na Educação Infantil, fato que gera inúmeras dúvidas entre os professores. No intuito de fornecer algumas respostas, a presente investigação procura estabelecer ligações entre a linguagem oral, a infância e o despertar para a cultura escrita. O universo da pesquisa abrange o estudo das relações entre linguagem oral infantil e cultura escrita. Nota-se que as crianças, a partir da vivência do diálogo da conversa cotidiana, fazem surgir um gênero de discurso mais elaborado, ainda que oral, fato que as faz transitar entre os ―gêneros primários‖ e ―gêneros secundários‖ do discurso, conforme perspectiva bakhtiniana. Sendo assim, tentei fazer a relação entre a infância, a oralidade e as atividades de letramento propostas em uma classe de Educação Infantil, observada em dois locis, ambos em Rondonópolis: a) uma instituição pública de ensino, especificamente, uma Escola Municipal na Unidade de Educação Infantil ‗Mateus Vinícius Bráz‘, com uma professora do II Ciclo da Educação Infantil; b) a Brinquedoteca Soraiha Miranda de Lima. Participam da pesquisa, por parte da escola, 23 crianças, a professora da turma e a idealizadora da creche e, por parte da brinquedoteca, a coordenadora, as extensionistas dos cursos de psicologia e pedagogia e a assessora pedagógica. Foram registradas atividades, observadas nos dois locis, a fim de se verificar se e como os eventos e as práticas de letramento contribuem para que crianças de 5 anos melhor conheçam e possam, assim, demonstrar o que sabem sobre a cultura escrita da sociedade grafocêntrica da qual participam. A pesquisa norteia-se pelos estudos de Vygotski (1993; 1995; 1996) e de Bakhtin (1992; 2003), como principais pilares, e em estudos e pesquisas acerca da linguagem, cultura escrita e o brincar na Educação Infantil, dos quais destacamos Chartier (1996), Smolka (2002, 2003), Soares (2003), Brito (2007), Corsino (2002, 2003), Jobim e Souza (2000, 2009), Kishimoto (1998, 1999, 2002), Salgado (2005), Cardoso (2000, 2003, 2006), Amâncio (2007), e Albuquerque (2010). O trabalho privilegia a abordagem da Pesquisa Qualitativa com caráter participante. Os resultados evidenciam a importância do papel mediador do adulto/professor em interações que fazem com que o uso da linguagem escrita e oral aconteça de forma 10 reflexiva e autoral. É possível concluir que a escola é mais um, e não o mais importante ou único, ambiente em que a criança encontra a cultura escrita, mas o único que deve ter como objetivo principal proporcionar situações em que a cultura escrita seja refletida e, assim, ajudar a criança a tornar-se um ser ativo da sua e para a sua cultura histórico-social