BERNARDES, Fábia Ferreira (2013)
A Alfabetização na Concepção das Professoras dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Rio Grande do Sul, 2013. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A Alfabetização na Concepção das Professoras dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Nome do Orientador: Laura Souza Fonseca
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Esse trabalho teve por objetivo analisar a resistência docente na ―voz‖ de professoras alfabetizadoras em relação às ações políticas voltadas à alfabetização e materializadas em programas de formação continuada que visam alterar as práticas docentes. A prática pedagógica está fundamentada em procedimentos definidos por saberes oriundos de aspectos que compõem a trajetória pessoal e profissional de cada docente. Por isso muitas vezes os professores demonstram resistência às medidas políticas que visam promover mudanças na alfabetização e, para que prevaleçam seus interesses, desenvolvem estratégias para reajustar seu trabalho às determinações oficiais. Autores como Hargreaves, Apple, Meirieu e Birgin contribuíram para fundamentar o que se entende por resistência docente e estratégias adotadas mediante as ações políticas, enquanto autores como Tardif, Borges, Gauthier, Gimeno Sacristán e Soares trouxeram subsídios para embasar as análises referentes aos saberes docentes e práticas pedagógicas. O percurso metodológico baseou-se em procedimentos de abordagem qualitativa. A análise documental procedeu com o estudo de materiais relativos ao Programa de Formação de Professores Alfabetizadores PROFA/ ―Letra e vida‖ e ao projeto ―Estudar pra valer!‖ implementados por uma Secretaria Municipal de Educação do interior paulista a partir da década de 1990. Estes programas foram analisados com base nas categorias: objetivos, concepções de alfabetização, orientações/procedimentos para o trabalho de alfabetização, atividades e terminologias, o que contribuiu para o levantamento das diferenças e semelhanças entre os mesmos. Por meio de uma investigação de natureza empírica realizou-se, durante os meses de janeiro e fevereiro de 2012, entrevistas semiestruturadas com seis professoras dos anos iniciais do ensino fundamental experientes, que já alfabetizavam há pelo menos dez anos na rede municipal de ensino lócus desta pesquisa. Os dados levantados foram organizados em quatro eixos de análise: concepções sobre a alfabetização e a docência, reprodução dos discursos oficiais, prática pedagógica fragmentada, indícios de resistência. Nesse último eixo os dados foram analisados em três categorias: resistência explícita, resistência implícita e ausência de resistência, uma vez que se considerou nuances de resistência na complexidade e dinâmica das ações docentes. Os resultados confirmaram a hipótese de que, baseando-se em práticas alfabetizadoras constituídas por saberes provenientes desde a formação pré-profissional e com a experiência docente, as professoras mostraram-se resistentes ao manterem procedimentos de alfabetização convencionais (apresentação do alfabeto, silabação, coordenação motora, letra cursiva) considerados mais adequados, à revelia das propostas institucionalizadas. No entanto, ao reajustarem suas práticas percebeu-se nuances de resistência ao incorporarem aspectos relacionados ao letramento (leitura e escrita de textos com função social, diversos gêneros e portadores textuais) defendidos pelos programas. Ao reajustarem suas ações com base na experiência e saberes que possuem as professoras descartam o que dificulta seu fazer ao mesmo tempo em que aproveitam alguns elementos diferenciados trazidos pelas propostas de alfabetização. Constatou-se ainda, ao se dar ―voz‖ às professoras, dificuldade para se posicionarem perante a base teórica que tem direcionado suas práticas por meio dos cursos e materiais dos programas, evidenciando a necessidade de se ouvir a ―voz‖ de professores alfabetizadores para se promover melhorias quanto à qualidade da formação docente.