MARTINS, Laiana Abdala (2017)

MARTINS, Laiana Abdala. Continuidade da Formação na Formação Continuada: Um Estudo Sobre Programas Federais no Campo de Alfabetização. Santa Catarina, 2017. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Linguística) Universidade Federal de Santa Catarina.

Nome do Orientador: Mary Elizabeth Cerutti-Rizzatti

Área: Linguística, Letras e Artes: Linguística e Letras

Assunto: Em Análise

Referencial Teórico: Em Análise

Natureza do Texto: Em Análise

Resumo: A presente pesquisa tem como tema a formação continuada de professores na educação em linguagem, em se tratando dos Anos Iniciais, com enfoque na alfabetização, delimitando-se aos Programas Federais Pró-Letramento Alfabetização e Linguagem/PL e Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa/PNAIC. Assim, considerando a ordem de implementação desses dois Programas, o objetivo deste estudo foi relacionar o PNAIC ? sob os pontos de vista filosófico-epistemológico e teórico ? com o PL considerada a consolidação desse percurso de formação continuada em se tratando dos docentes dos três Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Este estudo norteou-se pela seguinte questão geral de pesquisa: Assumindo a compreensão de que Programas de Formação Continuada, no campo da educação, delineiam-se na busca por assegurar aos professores um percurso de estudo que contribua para qualificar sua atuação docente, como o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa/PNAIC se relaciona ? sob os pontos de vista filosófico-epistemológico e teórico ? com o Programa Pró-Letramento Alfabetização e Linguagem/PL na consolidação desse percurso de formação continuada em se tratando dos docentes dos três Anos Iniciais do Ensino Fundamental? Para esse propósito, o estudo apresenta em seu aporte teórico, fundamentos presentes nos documentos desses Programas, sendo eles: estudos que contemplam o sistema de escrita alfabética (LEMLE, 2003 [1989]; SCLIAR-CABRAL, 2003); estudos acerca da consciência fonológica/fonêmica (desde LIBERMANN, 1973 e seus seguidores); a perspectiva dos estudos sobre a psicogênese da aprendizagem (FERREIRO; TEBEROSKY, 1991 [1984]); abordagens acerca da interação social de base histórico-cultural, a partir de Volóshinov (2014 [1929]), englobando o pensamento vigotskiano e o Círculo de Bakhtin; e, finalmente, os estudos do letramento, também com enfoque na interação social (STREET, 1984, 2000, 2003; HEATH, 2001 [1982]; BARTON, 2010 [1994]; BARTON; HAMILTON; 2003 [1998]; BARTON; HAMILTON; IVANIC, 2000). A análise desses documentos aponta para dois grandes movimentos, cada qual se desdobrando em mais dois. O primeiro ? Movimento A ?, o qual se nomeia enfoque cognitivo-sistêmico por se compreender que nele se estabelece uma conjugação do subjetivismo com o objetivismo e que ele se desdobra em: Movimento A1, sob o enfoque processual-sistêmico, em que o sistema de escrita alfabética é levado a termo sob a ótica do processamento cognitivo, e Movimento A2, sob o enfoque psicogenético-sistêmico, cuja tônica está na psicogênese da apropriação do sistema. O segundo ? Movimento B ?, nomeado enfoque na interação social, por se compreender que o foco da língua está na sua dimensão social, desdobra-se em: Movimento B1, em que a cultura é concebida como produto da atividade humana essencial e que se nomeia como base histórico-cultural, e Movimento B2, em que a cultura é tida na vinculação com identidades culturais, no qual se referenciam os estudos do letramento. Os resultados desta pesquisa apontam para duas questões fundantes: (i) consolidação dos avanços na valoração da apropriação do sistema de escrita alfabética no âmbito dos usos sociais da escrita; e (ii) desafios da integração ? para além da articulação apenas ? dos fundamentos dessa valoração ao longo desses mesmos Programas de Formação, de modo a que os docentes em processo de qualificação possam efetivamente reconhecer um percurso metodológico coerentemente ancorado em bases teóricas de filiação filosófico-epistemológica de fato convergentes.