LIMA, Maria Aparecida Ramos (2018)
Da Psicogênese à Linguística: Uma Análise em Aquisição de Linguagem Escrita
Pernambuco, 2018. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Letras)
Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Da Psicogênese à Linguística: Uma Análise em Aquisição de Linguagem Escrita.
Nome do Orientador: Dennys Dikson Marcelino da Silva
Área: Linguística, Letras e Artes: Linguística e Letras
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo analisar produções de escrita inicial de crianças em processos de alfabetização, num primeiro plano, sob à luz da Psicogênese e, num segundo, da Aquisição da Linguagem Interacionista. Não se tratam de análises para comparar uma teoria a outra, mas com o intuito de compreender o processo de construção de um mesmo texto sob a ótica de duas noções que possuem lugares antagônicos de compreensão, revelando proximidades e distanciamentos presentes nas escrituras. Foi aplicado um projeto didático em uma escola pública municipal, tendo participado da ação 22 alunos que se encontram em processo inaugural de alfabetização, sendo que focamos a parte analítica em quatro textos. O estudo carrega um foco de abordagem qualitativa, crítica e reflexiva, buscando na literatura interpretações que possam ajudar a refletir as questões levantadas na problemática do tema em foco. Para isso, trouxemos sobre o processo de Aquisição da Linguagem, de um lado, pesquisas filiadas à Psicogênese da língua escrita, com Ferreiro e Teberosky (1999) e Morais (2012), e, de outro, na Linguística, o Interacionismo Dialógico ressignificado pela Psicanálise, através de De Lemos (1992, 1995, 2000, 2006), e de outros estudos do tema como os de Lacan (1957,1983, 1985, 1986, 1988, 1998), Saussure (1975), Benveniste (1958,1966, 1991, 1995, 2005, Borges (2006, 2010), dentre outros. Observamos que essa bifurcação teórica apresenta distanciamentos de conceitos sobre a aquisição escrita e oral da linguagem. Enquanto aquela compreende a escrita numa visão representacionista, esta se revela na escrita (e na fala) enquanto relação de sujeito, língua e o outro, atravessada por um funcionamento que escapa ao domínio daquele que fala/escreve. Os dados revelam que a Psicogênese concentra-se na construção de uma escrita que avança na alfabetização perpassando por fases de desenvolvimento e domínio da criança sobre a escrita, deixando de fora a questão do indivíduo que traz uma escrita formatada a partir de uma cadeia de significantes, sempre enquanto efeito de funcionamento da linguagem, conforme defende o Interacionismo. Observamos que a adesão e o comprometimento com a ordem própria da língua é de importância vital para a reflexão aqui proposta. O funcionamento da escrita no processo linguístico se insere em uma relação que envolve a criança, o outro e o Outro que se constituem mutuamente.