FREIRE, Thaís (2018)
Ações da Fonoaudiologia na Escola: Programa de Estimulação da Consciência Fonológica em Escolares do 1° Ano do Ensino Fundamental
São Paulo, 2018. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Fonoaudiologia)
Universidade de São Paulo.
Ações da Fonoaudiologia na Escola: Programa de Estimulação da Consciência Fonológica em Escolares do 1° Ano do Ensino Fundamental.
Nome do Orientador: Patricia Abreu Pinheiro Crenitte
Área: Em Análise
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: O sistema educacional brasileiro tem enfrentado grandes problemas, entre eles a dificuldade para se consolidar a alfabetização. Estudos apontam que as causas estão relacionadas principalmente à insuficiente estimulação das habilidades consideradas essenciais à aquisição da leitura e escrita. Embora dependa de um amplo conjunto de aptidões, a consciência fonológica é relatada como uma das mais relevantes a esse processo. Porém, há desconhecimento da maioria dos professores brasileiros sobre o tema e consequentemente poucos investimentos são realizados no ambiente escolar. Ainda que realizados, direcionam-se quase exclusivamente a atividades silábicas, menosprezando o fato de que em um sistema alfabético de escrita as letras representam fonemas e não sílabas. Sendo assim, o objetivo do estudo foi verificar a aplicabilidade de um programa de estimulação da consciência fonológica, abrangendo habilidades fonêmicas, para escolares no primeiro ano do ensino fundamental. Trata-se de estudo clínico, do tipo caso controle, não randomizado (quase-experimental), duplo cego. Participaram do estudo 69 escolares do primeiro ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal, distribuídos entre Grupo Experimental (GE= 48) e Grupo Controle (GC= 21). O programa fundamentou-se no modelo de Resposta à Intervenção (RTI) em 1ª camada visando a estimulação diária das habilidades silábicas e fonêmicas de síntese, segmentação, e identificação, além da associação fonema-grafema. As atividades foram realizadas por 12 semanas, com duração de até 25 minutos, conduzidas pelos próprios professores, supervisionadas por um fonoaudiólogo. Os escolares foram avaliados, antes e após à intervenção, por meio de testes padronizados que averiguaram as habilidades de consciência fonológica, nível de leitura e hipótese de escrita. Os resultados demonstraram que o programa promoveu avanços estatisticamente significantes (p<0,05) nas habilidades de consciência fonológica do GE, repercutindo na aquisição da leitura e escrita em nível alfabético. Aproximadamente 80% dos escolares do GE alcançaram o nível alfabético de leitura e escrita, enquanto que apenas 30% dos participantes do GC apresentaram essa evolução. As análises estatísticas de correlação demonstraram que as habilidades fonêmicas estão fortemente associadas aos progressos em leitura e escrita. A taxa de não responsividade encontrada no estudo foi de aproximadamente 14% (n=7), ou seja, esses escolares não obtiveram melhor desempenho após as intervenções. Desses, 5 foram encaminhados para instituições especializadas que confirmaram diagnósticos dos transtornos de aprendizagem. Pode-se inferir que, por intermédio da metodologia empregada no estudo, foi possível identificar corretamente a maioria das crianças com sinais de riscos para os transtornos de aprendizagem e direcioná-las precocemente para os tratamentos necessários. Considerando os efeitos positivos no processo de alfabetização, conclui-se que o programa de consciência fonológica nos moldes da camada 1 da RTI é aplicável ao contexto escolar e sua implementação é uma necessidade do sistema educacional. O tamanho da amostra é uma limitação do estudo e interfere na generalização dos resultados. Sugere-se ampliação do número de participantes em futuras pesquisas.