RAMOS, Eliane de Souza (2018)
Alfabetização e Letramento de Alunos Com Surdez no Ensino Comum
São Paulo, 2018. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Educação)
Universidade Estadual de Campinas.
Alfabetização e Letramento de Alunos Com Surdez no Ensino Comum.
Nome do Orientador: Maria Teresa Egler Mantoan
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Nesta pesquisa narrativa investiguei, inspirada nos estudos de Jean Piaget, algumas condutas microgenéticas construídas por duas pessoas com surdez enquanto se alfabetizaram e letraram na Língua Portuguesa. Um dos casos é um menino que tive a oportunidade de acompanhar em escolas comuns de uma rede municipal de educação dos 11 meses, até o segundo ano do Ensino Fundamental, quando ele completou oito anos. Seu nome é Vitor (nome fictício) e ele se alfabetizou. O outro caso ao qual me reportei neste doutorado se refere a um adulto com surdez, hoje com 39 anos, que narrou suas memórias sobre como se alfabetizou e letrou na Língua Portuguesa. Ele se chama Francisco (nome fictício) e foi impedido de frequentar a escola comum em detrimento da "surdez" que tem. Para realizar esta tese eu escrevi narrativas nas quais expus parte do processo de alfabetização e de letramento do caso Vitor (nome fictício). Para documentar a escrita me reportei aos relatórios de acompanhamentos feitos pela equipe escolar, por mim e por profissionais externos à escola, bem como a atividades feitas no ensino comum e no Atendimento Educacional Especializado (AEE), das quais eu não participei diretamente. Essas atividades ilustraram as fases da construção da escrita pelas quais passou Vitor. Analisei cada atividade a partir dos estudos sobre a psicogênese da língua escrita de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. Na escrita deste doutorado, me reportei também a alguns trechos de entrevistas que realizei com Francisco nos anos de 2016 e 2017, nas quais ele compartilhou parte do seu processo de construção da escrita na Língua Portuguesa. O estudo destes dois casos com surdez me faz defender que: a) cada aluno com surdez deve frequentar uma escola comum que ofereça o Atendimento Educacional Especializado (AEE); b) a alfabetização deve ser trabalhada no ensino comum por uma professora regente e por uma professora de Língua Brasileira de Sinais (Libras); c) alunos (ouvintes e surdos) e professores devem ter a oportunidade de construir suas aprendizagens tanto na Língua Portuguesa como na Libras, que são trabalhadas concomitantemente no ensino comum; c) a pauta sonora do ambiente escolar deve ser trabalhada cotidianamente com todos os alunos de uma turma que tem um aluno com surdez; d) um aluno com surdez pode se alfabetizar e letrar na Língua Portuguesa; e) a "diferença em si" de cada aluno ouvinte e com surdez deve ser considerada durante os processos de ensino e aprendizagem na escola comum.