SILVA, Marcelo Luiz Bezerra da (2019)
O Discurso Cego Sobre o Universo: Narrativas Invisuais Sobre o Espaço Sideral
São Paulo, 2019. Tese de Doutorado (Pós-graduação em Educação Para a Ciência)
Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho.
O Discurso Cego Sobre o Universo: Narrativas Invisuais Sobre o Espaço Sideral.
Nome do Orientador: Pura Lúcia Oliver Martins
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: O objetivo geral desta pesquisa foi compreender quais elementos estão presentes no discurso das Pessoas Cegas percebem o Universo e os seus fenômenos. Especificamente buscou-se identificar as formas de percepção sobre o Universo e analisar essas percepções. O referencial teórico que conduziu a pesquisa, assentou-se na Análise de Discurso de linha francesa, sustentada por três pilares epistemológicos: a) a linguística; b) o materialismo dialético; c) a psicanálise. Neste sentido, não cabe ao investigador interpretar, mas sim compreender os discursos dos sujeitos e a sua formação discursiva. Logo a pesquisa teve finalidade descritiva, não tentando explicar como os sujeitos Cegos formulam suas representações sobre o Universo, mas sim descrever essas percepções. Assim, optou-se pela arquegenealogia foucaultiana como mecanismo de pesquisa, com abordagem indutiva, a partir de entrevistas narrativas com duas pessoas cegas desde o nascimento, mas já na fase adulta, sujeitos cegos adultos, por possuírem um referencial mais extenso. A pesquisa verificou que o repertório sensorial tátil foi insignificante para a constituição da cosmopercepção das pessoas invisuais, visto que as discursividades dos dois sujeitos participantes da pesquisa, a epistemologia da pessoa cega está fundamentalmente relacionada à linguagem. Isso revela que não formulamos conceitos in natura, pois estamos todos interdependentes do que os outros nos dizem para nos constituir como realmente somos. Conclui-se ainda que, mesmo diante dos avanços protagonizados pela ciência do século XXI, é importante reconhecer a epistemologia invisual que foi negligenciada por séculos como sinônimo de vazio epistêmico a ser preenchido. Este modelo cartesiano-iluminista atingiu o seu esgotamento no campo científico, quando as suas premissas foram obsoletadas pelo paradigma quântico, embora, no campo da educação científica de pessoas cegas, sua cosmopercepção ainda se encontre bastante confusa e incerta, o que requer por parte dos educadores comprometidos com a alfabetização científica dessas pessoas, um esforço redobrado no sentido de superar as barreiras ainda existentes para uma compreensão mínima e um desvendamento desse mundo de incertezas inexploradas.