FONSECA, Daniela (2019)
A estética na alfabetização: possibilidades de um caminho conceitual
Santa Catarina, 2019. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-graduação em Educação)
Universidade Federal de Santa Catarina.
A estética na alfabetização: possibilidades de um caminho conceitual.
Nome do Orientador: Luciane Maria Schlindwein
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: Este trabalho tem como objetivo delinear princípios teóricos e metodológicos para alfabetização estética. Tais princípios são problematizados no tensionamento entre estudos já realizados (teses e dissertações) no campo educacional brasileiro e os aportes teóricos e metodológicos da perspectiva histórico-cultural. Na pesquisa foram analisados 18 (dezoito) trabalhos de conclusão (teses e dissertações), disponibilizados na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) no período compreendido entre os anos de 2009 a 2019. A análise voltou-se para os princípios teóricos e metodológicos empreendidos nos discursos das crianças, na afetividade e nas relações sociais imbricados em produções que se ocupam da alfabetização estética. O foco está na alfabetização, nos primeiros anos do ensino sistematizado de crianças em início de escolarização formal. Considera-se que o sucesso na alfabetização é determinante na trajetória escolar da criança. E, para os professores e professoras que alfabetizam, um ato político é ter consciência de que as relações sociais estabelecidas nesse tempo e espaço são determinantes em grandes proporções para o acesso democrático das crianças ao conhecimento, bem como para sua permanência na escola. O método de análise foi organizado e elaborado à luz da psicologia histórico-cultural, com apoio do princípio dialógico de Bakhtin e o da prática, pautado em Marx. Para Bakhtin, a produção de entendimento se dá no confronto entre pontos distintos de diálogo, e para Marx a prática se efetiva, também pelo diálogo, quando há uma objetividade que transforma a realidade. A alfabetização é um tempo e espaço por excelência, institucional e garantido por lei para que as crianças se apropriem da leitura e da escrita e acessem de forma democrática os conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade. A vivência e o discurso estão contemplados, nas relações escolares. As relações de discursos em salas de alfabetização são perspectivadas como potencializadores de atos de criação, produtores de sentidos e significados. O discurso interior, que as crianças trazem para a escola, não está dissociado do discurso social e, com isso, o discurso escrito, principalmente em sua gênese, traz as marcas do discurso interior. Nesse sentido, outros princípios teóricos e metodológicos estão imbricados no processo de alfabetização: a estética, a afetividade e as relações sociais. A estética é tomada como a ciência de um modo específico de apropriação da realidade, vinculado a outros modos de apropriação humana do mundo e com as condições históricas, sociais e culturais em que ocorre. O que se pretende desta articulação é investigar quais as potencialidades de transformação significativa de apropriação específica de um conhecimento sistematizado. Argumenta-se, também, que os discursos das crianças possam se constituir no potencial ato criativo que propicie a aprendizagem. Trata-se de pensar a alfabetização na perspectiva da criança, na possibilidade de direito de discurso, da estética e da arte.