LUMERTZ, Fabia Daniela Schneider (2021)
Abordagem psicopedagógica por mediação lúdica a partir do estudo de caso de duas crianças com dificuldade de alfabetização
Rio Grande do Sul, 2021. Dissertação de Mestrado Acadêmico (Pós-Graduação em Diversidade Cultural e Inclusão Social)
Universidade Feevale.
Abordagem psicopedagógica por mediação lúdica a partir do estudo de caso de duas crianças com dificuldade de alfabetização.
Nome do Orientador: Lisiane Machado De Oliveira Menegotto
Área: Ciências Humanas: Educação
Assunto: Em Análise
Referencial Teórico: Em Análise
Natureza do Texto: Em Análise
Resumo: O brincar marca o período da infância de forma inexorável. Desde o nascimento, nós, seres humanos, somos perpassados pelas brincadeiras, inicialmente de forma mecânica, por repetição e movimentação de objetos, e posteriormente evoluindo na direção das representações mentais favorecidas pela função simbólica instituída pelo brincar de faz de conta ou jogos de papéis. Nesse sentido, a Teoria HistóricoCultural, fundada por Lev S. Vigotski, ocupa-se do desenvolvimento psíquico humano a partir de uma abordagem sócio-histórica-cultural, por meio da qual os seres humanos constituem-se no meio social e cultural onde estão colocados e no período histórico vigente. Além disso, essa constituição dá-se por mediação da cultura, feita por outros seres humanos mais aptos no meio social e cultural em que a criança insere-se. O processo de alfabetização infantil é, portanto, uma continuidade nessas subjetivações da realidade que a criança vai construindo desde o seu nascimento e que tem uma importância incomensurável na sua vida como sujeito e como cidadã. A alfabetização habilita o indivíduo a se mover e atuar no mundo letrado, fazendo uso de um novo modo de comunicação: a escrita. Pela escrita, temos acesso à cultura acumulada ao longo da história humana e podemos intervir nessa cultura de forma permanente, deixando registros, como os desta pesquisa. Assim, este estudo teve por objetivo investigar a repercussão de uma intervenção psicopedagógica por mediação lúdica e escuta dos sujeitos em situação de dificuldade no processo de alfabetização. Na busca desse objetivo, foi utilizada metodologia qualitativa, caracterizada por um estudo de caso, em que trabalhamos com dois alunos de terceiro ano do Ensino Fundamental de uma escola pública da região do Vale do Rio dos Sinos, no RS. Juntamente com as duas crianças, fizeram parte dos casos em análise a professora e as mães deles. O planejamento metodológico da pesquisa e das intervenções psicopedagógicas foi feito à luz da teoria vigostkiana, assim como a análise dos resultados, a discussão e as considerações finais. Dessa forma, a Teoria Histórico-Cultural do desenvolvimento psíquico humano perpassou toda a pesquisa, desde a sua elaboração enquanto projeto, até a sua execução e posterior escrita desta dissertação. Os resultados apontaram que os dois alunos tinham as funções psíquicas superiores necessárias à alfabetização e que esse processo estava em andamento. Ainda, os dados nos direcionaram no sentido de repensar as questões metodológicas de alfabetização e destacar a importância do vínculo na mediação lúdica e sua potencialidade no processo de aprendizagem desses estudantes. Nesse sentido, as intervenções psicopedagógicas repercutiram de forma positiva na aprendizagem e sentimento de autovalia dos pesquisandos, uma vez que ambos demonstraram progresso nos processos de leitura e escrita durante a pesquisa, além de se apresentarem mais confiantes em si mesmos, dos seus feitos, dizeres e capacidade de aprender. Essa confiança otimizada pode representar um imenso diferencial no desenvolvimento das crianças, pois as habilita a encararem novos desafios e aprendizagens, modificando suas perspectivas quanto às possibilidades vindouras e espectros de saberes que podem ser complementados aos já apreendidos por elas.